
Por mais uma noite me pego aqui, sem nenhum sinal dos sorrisos que dou ao longo do dia, sem o carisma que espalho por onde eu vou, sem nenhum sinal daquele outro eu, que aparece quando preciso me mostrar. É como uma roupa, a mais bonita de todas, abro meu guarda-roupa interior, a pego, a visto e saio linda, feliz, sem problemas. Quando retorno, lavo o rosto, tiro a roupa e permaneço ali, no meu canto, completamente despida e na presença do meu puro eu. Mais uma vez, me pego aqui, tentando ler, tentando estudar, tentando estar em paz com Deus e nem isso consigo, não nesse momento, só consigo conversar com Ele e nada mais. Me pego aqui, revendo memórias, revendo emails, revendo a agenda, que em meses atrás eu risquei completamente, e vejo nesse ato uma tentativa de acabar com essa dorzinha que tanto permanece em mim. Revendo filmes, músicas, apesar de que, algumas delas não consigo escutar. É verdade, pensando bem, algumas músicas não escuto há meses, não consigo mesmo. Me pego aqui, mais uma vez, tentando me entender, tentando me achar no meio desse caos. Entender como o ser humano é capaz de sentir tanto, de guardar tanto e não explodir, eu pelo menos escrevo, rabisco, saio falando por meio desse teclado, tadinho, não aguenta mais ouvir minhas lamúrias, morre de medo de entrar em pani com as lágrimas que caem nele. Mas ele me escuta, ele fala por mim, me trás certo alívio. Mas eu queria entender muita coisa, queria entender tudo o que aconteceu, parece que foi sonho; esse acordar tem sido estranhamente lento. Mas acho que foi uma surpresa da vida, talvez ela tenha quisto calar minha boca. Isso acontece, não é? Hoje eu não falaria e não colocaria em questão o sentimento de ninguém. Muitas pessoas criticam pessoas como eu. Pessoas que demonstram, que escrevem, que não tem medo de falar, que querem viver a vida da melhor forma; muitos podem ler tudo isso e apontar todos os dedos da mão e dizer: ''Que boba, que guria besta, nossa, vergonhoso.'', mas sabe, eu aprendi, sei lá, me descobri assim, por mais que não consiga passar isso adiante, esse meu eu ficou guardado em uma única história. Pois é, não sei o significado disso tudo, em momentos de raiva eu escancaro legal, ''digo'' muita coisa que depois me faz rir, mistura de orgulho, incompreensão, estresse. Mas quando me pego assim, eu realmente sou o que sou. Apesar da falta de entendimento, de me sentir perdida num quarto escuro, apesar desses momentos, eu guardo comigo uma falta. Muitas vezes eu queria agir da forma mais simples do mundo, comigo mesma, mas é um algo tão grande que não tenho como ganhar. Sabe aqueles monstros em final de jogo de videogame? Se não matar, não passa de fase? Pois é, tem sido assim, nadando contra a maré. E talvez as pessoas que me julgam ou não entendem esses textos, tenham razão, talvez eu seja uma boba. Mas uma boba que sente, e sente muito, o que eu sinto não precisa ser posto em questão, mas está aqui comigo. Sem ser correspondido, quietinho, engolindo uma lágrima de cada vez. Não sabendo de muita coisa que queria saber, na verdade eu daria o mundo, se eu pudesse, pra saber certas coisas. Mas é melhor assim, mas enfim, mais uma vez eu começo um texto aos prantos, como forma de tentar que o que tem aqui dentro, vaze, escorra pelos olhos. E termino o mesmo, com olhos secos, com o nariz vermelho e um gosto amargado em minha pequena boca. Com o semblante estranho de quem quer colo. Mais uma vez eu queria entender o que sinto, e o porque dele não ter ido com meu choro. Mais uma vez...
DM.
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