Cansada
de repetir as mesmas falas, de dizer mais uma vez o que te chateava, de
insistir em detalhes que só ela enxergava. Cansada de querer que o
outro a conhecesse assim como ela o conhecia. Talvez ela quisesse,
quisesse muito, mas não lhe era devido. Cobranças, queixas... Eram em
vão. Ela era do tipo da garota que aprendia com a primeira lição, na
segunda talvez, porém o máximo. Ela era do tipo de garota que dizia
apenas uma vez, tudo aquilo que não lhe agradava. Quando tais coisas
aconteciam - as desagradáveis - ela deixava fluir, deixava a pele sentir
e depois do visto, do sentido, do contato, ela dizia, ela fazia questão
de dar abertura ao outro, ela escrevia uma placa enorme de aviso e
colocava em sua testa, lágrima e coração, ela dizia ao outro, ''olha,
isso foi desagradável, isso me fez tristeza, não quero replay'', e
esperava que o outro entendesse, compreendesse e jamais quisesse
repetições no que deixava a garota infeliz. Mas as coisas aconteciam, se
repetiam, doses pequenas, médias e grandes, do que para ela, era o
mesmo problema, independente da dose, afinal, era ela que as tomava. E
que porre, que ressaca, que cansaço! Talvez não fosse culpa do outro,
ver o que ela via, realmente não. E por essas e outras, ela bebia, bebia
todas as doses de ''replays'' não quistos, e fazia questão de sentir os
sintomas sozinha. Não era ela que via? Então. Era ela que não repetia o
aviso, não era? Isso também a chateava, e em dobro, talvez ela quisesse
brigar, espernear e discutir diversas vezes pelo mesmo problema, talvez
ela quisesse dividir as doses pesadas dos ''replays'', e depois ter
alguém para aturar o porre. Mas ela tinha medo também, medo de por
diversas vezes discutir, resolver e re-acontecer, isso era cansativo
para ela. Talvez ela mude, talvez ela brigue e esperneie com o outro,
intensamente. Talvez ela se canse de guardar os engasgos, e se deixe
levar pela emoção. Talvez um dia ela se canse de fingir estar tudo bem.
Talvez por medo de que isso tudo a enjoe, os atos repetidos. Mas enjoo
maior seria, abstrair e fingir. E por mais medo ainda, de perder o
outro, mesmo que ele seja desatento ao ponto de repetir os desagrados.
Mas era ele, esse outro que a fazia bem, indescutivelmente e sem
comparações com os deslizes, que não eram de caráter, de
personalidade... era desatenção. Talvez ela queira deixar o orgulho e
ouvir a voz que a diz: ''Vale a pena, beber do mesmo drinque várias
vezes, contanto que ele esteja ao seu lado''. Ela estava...
Daia M.
Daia M.
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