quarta-feira, junho 26


Sinto que envelheci uns dez anos nas últimas semanas, muitas coisas decaem sobre mim com um peso enorme. Coisas abstratas porém, concretas em suas definições e significados. Quando a ânsia me visita, eu calo. Quando as vontades surgem, eu calo. Quando as lembranças, saudades, verdades, estranhezas me batem à porta, eu as silencio. E está aí o peso. Silenciar vivencias é quase um ato de sadomasoquismo, é fazer com aquilo que chamas de vazio, se preencha em ilusões. São meias verdades criadas pelo tempo, por sua mente, por observações. É ver a poeira baixar em câmera lenta, ver o passado atuando, ainda, em seu presente, é pensar no futuro com receios. É sentir, mesmo que eu não saiba o que sinto, o sentimento está aqui. Escuto a tudo de orelhas baixas, vejo tudo com a boca fechada, e abaixo a cabeça em momentos como esse. Achei que não voltaria, mas voltou. Estou quieta, branda, calma... esses dez anos, inesperados, tem me abraçado de forma estranha, mas não me deixa perder o equilíbrio. Estou vivendo um filme, estou num filme, meio perdida às vezes, mas alerta no todo. Tenho visto uma vida passar por mim, melhor dizendo, não estou em um filme, eu sou a observadora, eu assisto ao que acho viver. É diferente!
Enfim, acostumo-me ao peso, aos dez anos e silencio. 
Boa noite!

DM.

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